“O uso de benzimento, lenço ungido e distribuição de unção sobre objetos são métodos que podem ter algum respaldo bíblico?”
O uso de óleo para unção é encontrado na Bíblia Sagrada em situações citadas em Êxodo 30. 26-29; “Com ele ungirás a tenda das congregações, a arca do Testemunho, e a mesa com todos os teus utensílios, e o candelabro com os seus utensílios, e o altar do incenso, e o altar do holocausto com todos os utensílios, e a bacia com seu suporte. Assim consagrarás estas coisas, para que sejam santíssimas; tudo o que tocar nelas será santo”. Lendo o texto e o seu contexto (inclusive considerando que trata-se do período da Dispensação da Lei), podemos observar que refere-se à unção de objetos separados (santificação) para o uso exclusivo do Tabernáculo. Não era um óleo comum (Êx 30. 23, 24) e também não era distribuído para o povo. Foi restrito àquele momento e lugar.
Temos ainda a unção com óleo a separação para atividade especial ou especifica (como no caso de Davi) e sobre os enfermos. Sobre o lenço ungido, também não há incentivo para essa prática. Mas, em Atos 19. 11, 12? Ali, lemos: “E Deus, pelas mãos de Paulo, fazia milagres extraordinários, a ponto de levarem aos enfermos lenços e aventais do seu uso pessoal, diante dos quais as enfermidades fugiam das suas vítimas, e os espíritos malignos se retiravam”. Um fato a considerar é que, conforme o comentarista Barnes destaca, o propósito desse milagre específico era dar um sinal ou evidencia do poder de Deus através do ministério do apóstolo Paulo, mostrando aos homens que ele era realmente um servo do Deus Altíssimo. Deus fez aquele milagre específico porque, depois de três meses de ensino baseado nas Escrituras ministrado por Paulo, ainda havia pessoas desobedientes ou de coração endurecido (At 19. 8-12). Como resultado da operação divina através do Apostolo Paulo, Atos, 19. 18-20 declara: “Muitos dos que creram vieram confessando e denunciando publicamente as suas obras (...) Assim, a palavra do Senhor crescia e prevalecia poderosamente”. É assim que acontece. A glória e a honra pertencem a Deus e não aos homens.
Além disso, não há registros na Bíblia ou fora dela de que a Igreja Primitiva tinha essa prática. Milagres continuavam acontecendo, mas aquele caso do lenço foi excepcional. Hoje, distribuir (e – pior ainda – vender) artefatos semelhantes entre os irmãos, buscando argumenta nessa passagem bíblica, é, no mínimo, desconhecer a hermenêutica e a história bíblica. Também se constitui um grande perigo de se cair na idolatria e/ou na pratica de simonia. Simonia é compra ou a venda de realidades espirituais de favores divinos, bênçãos, cargos eclesiásticos, propriedade material, bens espirituais, coisas sagradas e outras relacionadas. A etimologia dessa palavra provém de Simão, o mago (mencionado em Atos 8, 18). Ele queria comprar o poder espiritual que via em ação dos apóstolos. A ele o apóstolo Pedro respondeu: “Pereça o teu dinheiro, e tu com ele, porque julgaste poder comprar com dinheiro o dom de Deus”, At 8. 20.
Por fim, não vemos o apóstolo Paulo incentivando ou oferecendo lenços ou aventais às pessoas. Essas peças (de uso próprio) eram levadas aos enfermos, porque eles não podiam de ir até ele. Não eram oferecidas e tampouco entregues mediante oferta, sacrifício ou algo correlato.
Fonte: Pastor Enoch Tiburtino – Jornal Mensageiro da Paz – Página 17 - Outubro de 2010
